Ao pensar sobre o meu percurso literário este ano, só me vêm à mente provérbios! Subitamente, dou por mim a identificar-me com um querido amigo meu que faleceu há uns anos, pobre coitado... José Fraga era o seu nome e nunca pensei vir a escrever acerca dele. O Sr. Fraga, como carinhosamente o chamava, tinha estado na Marinha muitos anos e era um verdadeiro dicionário de provérbios. Uma pessoa culta, que ao longo dos seus oitenta e tal anos de vida havia absorvido muito. Lembro-me tão bem do que me dizia... Cada vez que me queixava de algo, lá ouvia do outro lado um “Ó menina Sara, já se sabe...!”, seguido de um provérbio. Em cada frase do Sr. Fraga lá aparecia pelo meio um dos seus bons provérbios! Sim, porque o Sr. Fraga, para além de poeta e ‘recitador de provérbios’, era um criador de provérbios. Podem ainda não ser famosos, mas comigo pegaram...
“Nem tudo o que parece é” (já o dizia o Sr. Fraga) – e eu que o diga! Quando decidi inverdar por esta área, estava decidida que era uma devoradora de livros, uma autêntica “‘monstra’ das bolachas”. Desde que sei ler que sempre me acompanho de livros; está-me no sangue ser viciada em leitura (e “Filho de peixe sabe nadar!”). Chamavam-me “a nerd dos livros”, perguntaram-me se queria ser bibliotecária, se sabia falar e ouvir ou se só sabia ler e escrever, escrevi um artigo para o jornal da escolha sobre o poder do Livro afim de incentivar à leitura e à ida à Biblioteca... E naquele momento em que preenchi Línguas e Humanidades avisaram-me logo: “Vais ter de ler muito!”. “Para mim isso não é problema”, retorqui. A verdade é que foi. Não digo por falta de vontade, mas por falta de tempo. Por vezes preferi abdicar de certas recensões críticas e fazer outros trabalhos porque pensava “Mais vale um pássaro na mão que dois a voar”. E ok, talvez por um pouco de falta de vontade também...(há que admitir certo? “A mentira tem perna curta!”) A verdade foi que aqui não li bem sobre o que queria: ou me davam o livro ou dois por onde escolher. E comecei em cheio, com Memórias de Adriano. Apesar de o achar interessante e gostar de História, ia morrendo de tédio. Mas aprendi. Aprendi muito sobre a antiguidade e o modo de vida na época.E “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, portanto aos poucos e poucos fui mudando... Que dizer da obra de António Aleixo? A boa da quadra! Deu-me orgulho de puder dizer que sou portuguesa. Falou-me de tradição e enriqueceu-me com as suas palavras que, embora tão simples, estão tão cheias de sabedoria. Mia Couto? Contos que me deixaram de boca aberta, desfechos inesperados e surpreendentes de histórias de vidas humanas. E as colectâneas? As colectâneas foram a cereja no topo do bolo! Trouxe delas um pouco comigo e principalmente uma vontade arrebatadora de escrever. “Deus dá nozes a quem não tem dentes”, pensei após esta leitura, por ser tão rica e muitos nem lhe pegarem. No fundo, comecei mal e sem vontade mas, lá está, “devagar se vai ao longe”!
Custou, não digo que não. Por vezes não tinha paciência para ler certas coisas, o que até me deixou espantada comigo mesma. Chega-se a casa, meio esfolada pela vida, absorvida pelo stress, de olhos cansados a pedir descanso e tudo o que menos nos apetece é precisamente ir ler sobre a vida do Adriano lá em Roma há uma porrada de anos atrás. Mas “Quem te avisa teu amigo é” e como tal, tentei seguir os conselhos que me davam. Resultado final? Aprendi tanto sobre tanta coisa que sinto que cresci imenso. Não se tratam de meros livros, são folhinhas de papel que valem ouro e quantas mais lemos mais ricos nos tornamos. Foi uma luta árdua mas, e viva o meu caro amigo Fraga, “mais vale tarde do que nunca”!
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segunda-feira, junho 15
terça-feira, junho 9
As minhas memórias
Todos os momentos da minha vida até agora foram praticamente todos felizes, mas claro que houve os menos bons e se calhar por serem isso mesmo são os que recordo com mais facilidade. Lembro-me quando chumbei no 6ºano. Foi um dos maiores choques da minha vida, porque apesar de saber que tinha três negativas e que ia chumbar, ainda tinha esperança que isso não acontecesse, até porque várias pessoas me disseram que não ia chumbar. Mas quando uma amiga me disse que tinha chumbado, tudo caiu por água abaixo. Sei que liguei para a minha mãe a chorar e ela disse que era bem feito. Foi um ano perdido, a repetir tudo de novo, mas vendo por o lado positivo fui muito bem preparada para o ano seguinte, o 7º, onde passei sem dificuldades. Outros momentos que me marcaram para sempre, foi a morte da minha avó Lucrécia e duma pessoa que era o meu segundo pai, a quem eu chamava carinhosamente de Pai Zé. Percebi que as pessoas vão desaparecendo com a maior rapidez de quando nascem e não entendi porquê que tinha de ser assim. A minha avó, era aquela pessoa que metia qualquer um a olhar, pelas roupas e pela quantidade de ouro que usava. Tinha a maior das paciências para aturar a neta, que insistia em dar-lhe aulas para ela aprender a escrever e a ler melhor. Era aquela que ria muito mas quando se chateava, era a sério. Segundo o que o meu pai diz, o meu feitio é igual ao dela. É dos maiores orgulhos saber que herdei alguma coisa da minha avó, assim já não são só as memórias que ficam. O Pai Zé, era aquele que como se costuma dizer, tinha alegria para dar e para vender. Desde que o conheci, desde que nasci, que nunca me lembro de o ver triste, podia estar claro, mas nunca o demonstrou. Dava vontade de olhar simplesmente para a cara dele, para se ficar alegre. Tinha tanta vontade de viver. Era aquele que merecia tudo desta vida, menos o que lhe aconteceu. Lembro-me de a minha mãe chegar ao meu quarto e dizer “Olha filha, o Pai Zé morreu” e só me apeteceu morrer com ele. Já passou um ano, mas a memória daquele pai vai ficar para sempre dentro de mim, porque o amo como se ama um pai.
O momento mais feliz da minha vida, foi certamente o dia 14/10/2003, quando realizei o meu sonho de ter um cão. Nunca pensei vir a realizá-lo, pelo menos tão cedo, pois a minha avó não queria que tivesses-mos um cão em casa, mas consegui convencê-la (vou-lhe ficar grata para sempre) e então fui com o meu pai à loja buscar um cão que já tínhamos visto e quando peguei nele e soube que era meu, senti-me a pessoa mais feliz do mundo. Tinha realizado o meu grande sonho. Hoje, o Eddie tem cinco anos e continua a ser o meu sonho e sei que quando ele desaparecer vai ser a lembrança mais bonita que vou poder ter.
O momento mais feliz da minha vida, foi certamente o dia 14/10/2003, quando realizei o meu sonho de ter um cão. Nunca pensei vir a realizá-lo, pelo menos tão cedo, pois a minha avó não queria que tivesses-mos um cão em casa, mas consegui convencê-la (vou-lhe ficar grata para sempre) e então fui com o meu pai à loja buscar um cão que já tínhamos visto e quando peguei nele e soube que era meu, senti-me a pessoa mais feliz do mundo. Tinha realizado o meu grande sonho. Hoje, o Eddie tem cinco anos e continua a ser o meu sonho e sei que quando ele desaparecer vai ser a lembrança mais bonita que vou poder ter.
terça-feira, junho 2
Auto-Retrato
“Auto-Retrato aos 15 anos… À maneira de Graciliano Ramos”
Nasceu em 1993, em Cascais
Altura: 1,69
Sapato nº39
Adora conviver, odeia estar sozinha.
Tem ódio as pessoas cínicas e snobes
Odeia que lhe mintam.
Usa óculos.
Comida preferida: Lasanha
Fruto preferido: Manga
Bebida favorita: Coca-Cola
Adora o frango assado da Casa Adão
É dependente do telemóvel e do mp3
Não é muito amante da leitura
Adora crianças.
Espera ter como profissão futura Educadora de Infância e Actriz.
A família e os amigos são as pessoas mais importantes da sua vida.
Não tem melhores amigos, tem grandes amigos.
É muito teimosa e odeia ser contrariada.
Adora escrever
Grupo musical predilecto: Linkin Park
Ouve música quando esta triste
Adora andar de bicicleta e sentir o vento na cara
Odeia quando se zanga com a irmã e com a mãe.
Seu ídolo: O seu Avô
Adora passar ferias com os seus primos
Odeia chuva
Odeia levantar-se cedo
Estação do ano preferida: Verão
Adorava casar e ter uma filha
Espera ser feliz
Nasceu em 1993, em Cascais
Altura: 1,69
Sapato nº39
Adora conviver, odeia estar sozinha.
Tem ódio as pessoas cínicas e snobes
Odeia que lhe mintam.
Usa óculos.
Comida preferida: Lasanha
Fruto preferido: Manga
Bebida favorita: Coca-Cola
Adora o frango assado da Casa Adão
É dependente do telemóvel e do mp3
Não é muito amante da leitura
Adora crianças.
Espera ter como profissão futura Educadora de Infância e Actriz.
A família e os amigos são as pessoas mais importantes da sua vida.
Não tem melhores amigos, tem grandes amigos.
É muito teimosa e odeia ser contrariada.
Adora escrever
Grupo musical predilecto: Linkin Park
Ouve música quando esta triste
Adora andar de bicicleta e sentir o vento na cara
Odeia quando se zanga com a irmã e com a mãe.
Seu ídolo: O seu Avô
Adora passar ferias com os seus primos
Odeia chuva
Odeia levantar-se cedo
Estação do ano preferida: Verão
Adorava casar e ter uma filha
Espera ser feliz
segunda-feira, junho 1
Uma viagem de auto-conhecimento
Foi tudo num daqueles dias em que se não me levantasse da cama não iria importar tanto ao mundo lá fora. Não iria fazer tantos estragos. Estava deprimida, tinha acordado naquela manhã a pensar em tudo aquilo que andava a fazer na minha vida, talvez não fosse o mais certo ou errado, ou nem fosse essa a questão. Aquilo que estava em causa era aquilo que me estava a por assim e aquilo que eu estava a fazer a minha própria vida. Comecei então a pensar, sentada na minha cama a olhar pela janela a ver o sol a aparecer, como que se só eu e o sol não tivéssemos parado. O tempo parou, a televisão que estava ligada parou, tudo. Mas os meus pensamentos pareciam que tinham ganho asas e velocidade. Não paravam de me passar coisas na cabeça daquilo que tinha feito, das consequências que tinha tido, e da forma de voltar para trás nisso mas a andar para o futuro. Não tinha feito as melhores escolhas, em termos de amigos, de saídas, do que dizia, decididamente estava a entrar num momento arrepiante de retorno e arrependimento. Foi então que sem eu dar conta, e como que num passo de magia a minha mãe entra nesse mundo em que estava. Sentou se ao meu lado na cama, e falamos de tudo o que na minha cabeça estava a asucrinar. Ela foi como que um anjo que ali aterrou, e sem pedir nada em trocar fez me ver a forma como eu devia avançar. Sem mais estragos, nem arrependimentos. Foi uma luzinha muito reluzente no topo do buraco em que me tinha enfiado e uma corda para eu subir. Num estalar de dedos tudo voltou ao normal. O sol continuou a subir, a televisão continuou, e a minha mãe já não estava ao meu lado. Fez me pensar que não tinha um feitio fácil, e precisava de ouvir mais aqueles que sabiam as coisas. Não me deixar levar tão facilmente, nem por pensamentos nem atitudes. Aquele anjo foi realmente uma lufada de ar fresco e uma resposta a um pedido de socorro.
Ah-ah
Durante a campanha do PS, durante aqueles minutos horriveis de oratória reles mas pensada na televisão generalista, ressaltou uma frase. A senhora que apareceu estava a fazer perguntas que pressupunham convencer da magnificiência do partido, e perguntou: "Quem é que em 2004 reuniu as condições para irmos ao Euro?" A minha resposta é, "o quê?"
Estamos em crise, temos de reduzir os custos, temos de organizar melhor a politica interna, não há dinheiro. Mas tentam convencer a população de que terem gasto milhares de euros em campos de futebol, é algo bom que fizeram pela população. Foi sem dúvida extasiante, o Euro2004, mas o investimento foi algo que a meu ver não é de todo justificável, visto que os campos não estavam degradados ao ponto de ser impossível jogar, mas sei que era uma das condições. De qualquer maneira, não é isto que está em questão. O que pergunto agora é como é que uma coisa como o Euro 2004 pode ser uma das glórias do PS?
O futebol para a nossa população tem tanta importância quanto o pão que davam aos romanos como distracção do que está mal. Se não acreditas em Deus, acredita no poder da bola, vais-te sentir melhor. Uns quantos atrás da bola e demasiados com os olhos postos nela e o mundo até parece um sítio melhor. Problemas? Graças à Bola, não há. O futebol é mais do que um desporto, é uma religião, sim. Futebol, cerveja e meninas. Um desperdicio de milhões? Nã, não me parece. O Cristiano Ronaldo, que nem sabe falar, merece muito mais centenas de euros por uma hora a andar atrás de uma bola do que alguém que passou cinco, seis, dez, vinte ANOS a aprofundar os seus conhecimentos em prol do desenvolvimento. Melhor, já está marcado o próximo Mundial em Portugal. Não estou dentro do assunto, mas pelo que percebi vai ser patrocionado por Portugal e Espanha, o que já desculpa minimamente, mas, apesar disso não consigo deixar de criticar.
AInda dizem que as crianças não sabem do que falam. Desafio-vos a não concordarem comigo. É assim que comemoro o Dia da Criança. Mostrando que agora, e cada vez mais cedo, nós, adolescentes, estamos mais atentos aos erros do país. Porque será?
Estamos em crise, temos de reduzir os custos, temos de organizar melhor a politica interna, não há dinheiro. Mas tentam convencer a população de que terem gasto milhares de euros em campos de futebol, é algo bom que fizeram pela população. Foi sem dúvida extasiante, o Euro2004, mas o investimento foi algo que a meu ver não é de todo justificável, visto que os campos não estavam degradados ao ponto de ser impossível jogar, mas sei que era uma das condições. De qualquer maneira, não é isto que está em questão. O que pergunto agora é como é que uma coisa como o Euro 2004 pode ser uma das glórias do PS?
O futebol para a nossa população tem tanta importância quanto o pão que davam aos romanos como distracção do que está mal. Se não acreditas em Deus, acredita no poder da bola, vais-te sentir melhor. Uns quantos atrás da bola e demasiados com os olhos postos nela e o mundo até parece um sítio melhor. Problemas? Graças à Bola, não há. O futebol é mais do que um desporto, é uma religião, sim. Futebol, cerveja e meninas. Um desperdicio de milhões? Nã, não me parece. O Cristiano Ronaldo, que nem sabe falar, merece muito mais centenas de euros por uma hora a andar atrás de uma bola do que alguém que passou cinco, seis, dez, vinte ANOS a aprofundar os seus conhecimentos em prol do desenvolvimento. Melhor, já está marcado o próximo Mundial em Portugal. Não estou dentro do assunto, mas pelo que percebi vai ser patrocionado por Portugal e Espanha, o que já desculpa minimamente, mas, apesar disso não consigo deixar de criticar.
AInda dizem que as crianças não sabem do que falam. Desafio-vos a não concordarem comigo. É assim que comemoro o Dia da Criança. Mostrando que agora, e cada vez mais cedo, nós, adolescentes, estamos mais atentos aos erros do país. Porque será?
domingo, maio 31
As minhas memórias
As minhas memórias
Lá fora, vejo as árvores abanando com muita força, mostrando a fúria e a pressa que o vento tem em chegar a algum lado que, no fundo não é nenhum. Está um frio de rachar. Estou em casa, com um aquecedor ligado e uma manta sobre os meus pés. O clima de cá é um pouco instável, hora faz frio, hora faz calor. Não tenho outro remédio, senão habituar-me.
Enquanto olho para a janela, lembro o quão diferente esta terra, onde sou estrangeira, é diferente da minha pátria.
Os meus pensamentos são levados pelo vento e, como que por magia, levam-me de volta para o meu país. Angola, uma terra tão rica e tão pobre ao mesmo tempo. Uma terra onde já fui feliz, uma terra para onde um dia hei-de voltar. Relembro a minha casa pintada de várias cores, a figueira no meio do quintal, a vista para o mar e o pôr-do-sol. É impossível esquecer-me do cheiro do mar, das chatas carregadas de peixe fresco.
Lembro-me das minhas brincadeiras de criança (apesar de ainda ser uma criança), dos meus amigos, das festas que juntavam a família inteira e da comida. Jamais em toda a minha vida (embora tenha pouco tempo de vida), provei frutas iguais ao do meu país, têm um sabor único.
Tive de deixar o meu tão amado país, por causa da guerra e da escassez de trabalho, fomos obrigados emigrar para Portugal. Quando decidimos emigrar para cá, foi sempre na esperança de aqui, as nossas vidas seriam muito melhor, de que aqui, encontraríamos oportunidades que naquela altura o nosso país não tinha para nos oferecer.
É óbvio, que a nossa vida financeira melhorou bastante, as escolas são muito melhores, etc. mas a verdade, é que a vida aqui, não tem sido um mar de rosas. Por sermos estrangeiros, a minha deixou de exercer o cargo de professora porque não estávamos legalizados, passou a ser empregada doméstica. Para podermos estar legais, há vezes em que mais de metade do salário é gasto nos documentos. Mas isso é pouco, também sofremos bastante por sermos negros, aqui, senti pela primeira vez o preconceito social. Também foi aqui, onde os meus pais se divorciaram. Para ser sincera, desde ai nunca mais voltei a ser a mesma pessoa. O resto da minha infância, cá em Portugal, prefiro apenas lembrar-me das coisas boas, as más, guardo-as no mais profundo do meu ser, num lugar onde por mais que eu queira, seja difícil, quase impossível de lá chegar.
Não tenho do que me queixar, as coisas podiam ter sido muito piores.
Apesar de tudo, sou feliz aqui, é aqui onde tenho a minha vida, os meus amigos, foi aqui onde eu descobri talentos que estavam escondidos em mim.
Sou feliz aqui, nesse país, que apesar de não ser meu, acolheu-me tão bem.
Lá fora, vejo as árvores abanando com muita força, mostrando a fúria e a pressa que o vento tem em chegar a algum lado que, no fundo não é nenhum. Está um frio de rachar. Estou em casa, com um aquecedor ligado e uma manta sobre os meus pés. O clima de cá é um pouco instável, hora faz frio, hora faz calor. Não tenho outro remédio, senão habituar-me.
Enquanto olho para a janela, lembro o quão diferente esta terra, onde sou estrangeira, é diferente da minha pátria.
Os meus pensamentos são levados pelo vento e, como que por magia, levam-me de volta para o meu país. Angola, uma terra tão rica e tão pobre ao mesmo tempo. Uma terra onde já fui feliz, uma terra para onde um dia hei-de voltar. Relembro a minha casa pintada de várias cores, a figueira no meio do quintal, a vista para o mar e o pôr-do-sol. É impossível esquecer-me do cheiro do mar, das chatas carregadas de peixe fresco.
Lembro-me das minhas brincadeiras de criança (apesar de ainda ser uma criança), dos meus amigos, das festas que juntavam a família inteira e da comida. Jamais em toda a minha vida (embora tenha pouco tempo de vida), provei frutas iguais ao do meu país, têm um sabor único.
Tive de deixar o meu tão amado país, por causa da guerra e da escassez de trabalho, fomos obrigados emigrar para Portugal. Quando decidimos emigrar para cá, foi sempre na esperança de aqui, as nossas vidas seriam muito melhor, de que aqui, encontraríamos oportunidades que naquela altura o nosso país não tinha para nos oferecer.
É óbvio, que a nossa vida financeira melhorou bastante, as escolas são muito melhores, etc. mas a verdade, é que a vida aqui, não tem sido um mar de rosas. Por sermos estrangeiros, a minha deixou de exercer o cargo de professora porque não estávamos legalizados, passou a ser empregada doméstica. Para podermos estar legais, há vezes em que mais de metade do salário é gasto nos documentos. Mas isso é pouco, também sofremos bastante por sermos negros, aqui, senti pela primeira vez o preconceito social. Também foi aqui, onde os meus pais se divorciaram. Para ser sincera, desde ai nunca mais voltei a ser a mesma pessoa. O resto da minha infância, cá em Portugal, prefiro apenas lembrar-me das coisas boas, as más, guardo-as no mais profundo do meu ser, num lugar onde por mais que eu queira, seja difícil, quase impossível de lá chegar.
Não tenho do que me queixar, as coisas podiam ter sido muito piores.
Apesar de tudo, sou feliz aqui, é aqui onde tenho a minha vida, os meus amigos, foi aqui onde eu descobri talentos que estavam escondidos em mim.
Sou feliz aqui, nesse país, que apesar de não ser meu, acolheu-me tão bem.
Relaxa, dança
Começas a ouvir! A ouvir o ritmo, os tempos, a imaginar o teu corpo a mover-se. Quando dás por ti, puxas as mangas da camisa e sentes a música, não ouves mais nada nem ninguém! Tudo o resto te está a passar totalmente ao lado, estás concentrado em cada batida, em cada gesto que fazes. É completamente indiferente se está alguém ao teu lado, talvez estejas numa discoteca, talvez estejas sozinho, perdes a noção do tempo, a noção do espaço. As luzes estão a bater na tua cara, mas tu nem queres saber. Começas a pensar, muito vagamente, nos problemas que te atormentam, e talvez em certas pessoas que te magoaram. Chegas à conclusão que esta noite É TUA! Estão a olhar para ti, sim, estão a comentar, e tu sabes, mas sorris, e cada vez a vontade de dançar é maior. Estás a explodir por dentro, apetece-te fazer tudo aquilo que sabes, tu adoras esta musica, sentes-te bem ao ouvi-la, e muito melhor a dança-la! Já nada te distrai. Há quem grite o teu nome mas tu não estás nem ai. É estranho, nem tu sabes como é possível estares assim. Agora és só tu e a musica! Sentes uma liberdade gigante a apoderar-se de ti, podes ser tudo, podes ser nada se quiseres!De repente, as luzes brilhantes que te batiam na cara, simplesmente param! Paras de ouvir a música, paras de sentir o ritmo, paras de ser aquele ser que só estava aqui fisicamente. Algo mudou, assim, repentinamente! Nem te apercebeste de nada, só sabes que perdeste tudo o que te fazia feliz naquele momento.
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Escrita Criativa,
Mente sã em Corpo são
quinta-feira, maio 28
Edaísmo
Sabe o que é o edaísmo? Provavelmente não, mas também é muito provável que já tenha sido uma das suas vítimas. De facto o edaísmo é um preconceito em relação a uma ou mais pessoas baseado na idade e está na centro duma forma de discriminação muito comum: A discriminação etária. Exemplos são muitos e diversos. Desde a recusa dum seguro por ter mais de 55 anos, passando por ser propositadamente mal servido num bar para “jovens” e pela desvalorização da opinião por se ter um “aspecto muito juvenil”, até à recusa duma oportunidade profissional (in)justificada em se ser muito novo ou muito velho.
A discriminação etária é tão comum e frequente que muitas vezes nem nos apercebemos da sua existência. Aceitamo-la tacitamente, confundindo-a com falta de educação ou achando-a justificada por razões culturais. No entanto, como todas as formas de discriminação, ela afecta negativa e injustificadamente os direitos de cidadania das pessoas, podendo levá-las ao isolamento e à exclusão.
No que se refere ao mundo das organizações, estudos feitos em Inglaterra demonstram que esta é a forma de discriminação mais frequente. Pelo menos 40% das pessoas já sentiram na pele, duma forma ou de outra, a discriminação fundada em razões de idade. É, no entanto, uma forma de discriminação da qual a maioria das pessoas na maioria das culturas ainda não tem uma consciência clara, razão pela qual formas evidentes dela são praticadas “às claras” pelas empresas e são pacificamente aceites pelas pessoas.
Um jovem e talentoso cronista dum semanário de referência do nosso país, queixava-se num dos seus recentes textos que aos jovens deste país só lhes resta emigrar porque o “sistema” está confortavelmente instalado não deixa oportunidades para quem pode e quer fazer e fazer diferente. Não deixa de ter razão, mesmo que se pudesse responder que os que agora estão instalados, já tiveram de lutar há uns anos atrás para combater o mesmo problema.
No entanto, na minha função de “Executive Searcher” não posso deixar de dizer que a realidade dos dias que atravessamos é que a larga maioria dos casos de discriminação pela idade se consubstancia através do evitar / dificultar de contratação das pessoas acima cinquenta anos. Quem vive no mundo das organizações sabe que apesar das teorias da “Aging workforce” e da escassez de talento, a verdade é que, por mais talentoso que se seja, ter mais de cinquenta anos é uma dificuldade quase insuperável no mercado de trabalho.
Ainda por cima estamos perante uma prática ilegal. O Código do Trabalho estipula no seu artigo 22.º (artigo 25 após a revisão) que " nenhum trabalhador ou candidato a emprego pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, estado civil, situação familiar, património genético, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença crónica, nacionalidade, origem étnica, religião, convicções políticas ou ideológicas e filiação sindical”.
O princípio programático subjacente a esta norma é que, salvo quando exista um “requisito justificável e determinante para o exercício da actividade profissional”, as pessoas devem ser avaliadas pelas suas competências e não pela sua idade. Apesar disso e nas “barbas” distraídas das autoridades competentes (ACT), todos os dias surgem exemplos concretos de discriminação baseada na idade. Desde os anúncios de emprego para funções normais referindo “pretende-se pessoa até aos 35 anos”, passando pela fixação de critérios de promoção interna que afastam os mais velhos ou os mais novos, até exemplos (que todos conhecemos) de “processos de downsizing” em que, assumidamente, se convidam preferencialmente os trabalhadores mais velhos, porque . . . são mais velhos, ou os mais novos porque . . . são mais baratos.
Nestas, como em muitas outras situações, o problema não é a falta de leis. É mais um problema de consciência cívica e de educação. No universo das organizações, cada um deverá assumir as suas obrigações. Aos professores compete-lhes fazer doutrina e educar as actuais e futuras gerações. Aos gestores de Recursos Humanos cabe-lhes criar uma cultura de “compliance” e não discriminação. À Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) compete moralizar e fiscalizar o cumprimento das leis.
Estou certo que dentro de poucos anos esta situação será bem diferente. As pessoas irão tomar consciência dos seus direitos (há pouco tempo nos USA sete colaboradores da Lockheed Martin Corp. foram “americanamente” indemnizados por esta razão) e as empresas passarão a ter outro cuidado, não só por razões legais / financeiras, mas também por razões de imagem pública. Nenhuma empresa quer ver a sua imagem manchada com um caso de discriminação.
Sintra, 28 de Maio de 2009
José Bancaleiro
A discriminação etária é tão comum e frequente que muitas vezes nem nos apercebemos da sua existência. Aceitamo-la tacitamente, confundindo-a com falta de educação ou achando-a justificada por razões culturais. No entanto, como todas as formas de discriminação, ela afecta negativa e injustificadamente os direitos de cidadania das pessoas, podendo levá-las ao isolamento e à exclusão.
No que se refere ao mundo das organizações, estudos feitos em Inglaterra demonstram que esta é a forma de discriminação mais frequente. Pelo menos 40% das pessoas já sentiram na pele, duma forma ou de outra, a discriminação fundada em razões de idade. É, no entanto, uma forma de discriminação da qual a maioria das pessoas na maioria das culturas ainda não tem uma consciência clara, razão pela qual formas evidentes dela são praticadas “às claras” pelas empresas e são pacificamente aceites pelas pessoas.
Um jovem e talentoso cronista dum semanário de referência do nosso país, queixava-se num dos seus recentes textos que aos jovens deste país só lhes resta emigrar porque o “sistema” está confortavelmente instalado não deixa oportunidades para quem pode e quer fazer e fazer diferente. Não deixa de ter razão, mesmo que se pudesse responder que os que agora estão instalados, já tiveram de lutar há uns anos atrás para combater o mesmo problema.
No entanto, na minha função de “Executive Searcher” não posso deixar de dizer que a realidade dos dias que atravessamos é que a larga maioria dos casos de discriminação pela idade se consubstancia através do evitar / dificultar de contratação das pessoas acima cinquenta anos. Quem vive no mundo das organizações sabe que apesar das teorias da “Aging workforce” e da escassez de talento, a verdade é que, por mais talentoso que se seja, ter mais de cinquenta anos é uma dificuldade quase insuperável no mercado de trabalho.
Ainda por cima estamos perante uma prática ilegal. O Código do Trabalho estipula no seu artigo 22.º (artigo 25 após a revisão) que " nenhum trabalhador ou candidato a emprego pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação sexual, estado civil, situação familiar, património genético, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença crónica, nacionalidade, origem étnica, religião, convicções políticas ou ideológicas e filiação sindical”.
O princípio programático subjacente a esta norma é que, salvo quando exista um “requisito justificável e determinante para o exercício da actividade profissional”, as pessoas devem ser avaliadas pelas suas competências e não pela sua idade. Apesar disso e nas “barbas” distraídas das autoridades competentes (ACT), todos os dias surgem exemplos concretos de discriminação baseada na idade. Desde os anúncios de emprego para funções normais referindo “pretende-se pessoa até aos 35 anos”, passando pela fixação de critérios de promoção interna que afastam os mais velhos ou os mais novos, até exemplos (que todos conhecemos) de “processos de downsizing” em que, assumidamente, se convidam preferencialmente os trabalhadores mais velhos, porque . . . são mais velhos, ou os mais novos porque . . . são mais baratos.
Nestas, como em muitas outras situações, o problema não é a falta de leis. É mais um problema de consciência cívica e de educação. No universo das organizações, cada um deverá assumir as suas obrigações. Aos professores compete-lhes fazer doutrina e educar as actuais e futuras gerações. Aos gestores de Recursos Humanos cabe-lhes criar uma cultura de “compliance” e não discriminação. À Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) compete moralizar e fiscalizar o cumprimento das leis.
Estou certo que dentro de poucos anos esta situação será bem diferente. As pessoas irão tomar consciência dos seus direitos (há pouco tempo nos USA sete colaboradores da Lockheed Martin Corp. foram “americanamente” indemnizados por esta razão) e as empresas passarão a ter outro cuidado, não só por razões legais / financeiras, mas também por razões de imagem pública. Nenhuma empresa quer ver a sua imagem manchada com um caso de discriminação.
Sintra, 28 de Maio de 2009
José Bancaleiro
terça-feira, maio 26
O meu Auto-retrato
Nasceu em 1993, em Lisboa, Portugal.
Mede cerca de 1.65 metros.
Comprometido, de momento.
Tenta tudo o que é possivel para não fazer esforço fisico.
Não tem qualquer problema com os vizinhos.
Tímido, apenas mostra a sua verdadeira personalidade aos amigos.
Quem o vê pela primeira vez pensa que ele é introvertido.
Detesta pessoas intrometidas ou exibicionistas.
Odeia cortar o cabelo.
Gosta de ir ao cinema, ver televisão e dedica a maior parte do seu tempo ao lazer.
Come qualquer coisa, em cinco minutos o prato está vazio.
Tenta ajudar, sempre que pode.
Não gosta de dar nas vistas.
Bastante distraido.
Não teme a morte.
Veste qualquer coisa, desde de que seja confortável.
Raramente está de mau humor.
Questiona a razão de viver.
Não tem razão de dizer que não é feliz.
Espera viver até aos 80 anos.
Mede cerca de 1.65 metros.
Comprometido, de momento.
Tenta tudo o que é possivel para não fazer esforço fisico.
Não tem qualquer problema com os vizinhos.
Tímido, apenas mostra a sua verdadeira personalidade aos amigos.
Quem o vê pela primeira vez pensa que ele é introvertido.
Detesta pessoas intrometidas ou exibicionistas.
Odeia cortar o cabelo.
Gosta de ir ao cinema, ver televisão e dedica a maior parte do seu tempo ao lazer.
Come qualquer coisa, em cinco minutos o prato está vazio.
Tenta ajudar, sempre que pode.
Não gosta de dar nas vistas.
Bastante distraido.
Não teme a morte.
Veste qualquer coisa, desde de que seja confortável.
Raramente está de mau humor.
Questiona a razão de viver.
Não tem razão de dizer que não é feliz.
Espera viver até aos 80 anos.
segunda-feira, maio 25
Crónia sobre a imprensa
A imprensa é o mundo. Sem ela não saberíamos nada, é ela que nos informa sobre o que se passa no Universo, e se por algum motivo acabasse, provavelmente ficaríamos desesperados, um bocadinho mais do que já estamos. Mas é aquela que não serve para nada, que mais gostamos e que nos desperta mais interesse: a imprensa dita cor-de-rosa. Não conseguimos evitar, necessitamos de conhecer a vida das pessoas que se dizem famosas. O que interessa para a minha felicidade saber se a Diana Chaves namora com o César Peixoto ou se a Luciana Abreu se veste bem ou mal? Mas a verdade é que gostamos e lemos. Admito, que eu própria gosto bastante. O que por vezes me enerva. Se calhar porque gostava de ter a vida deles, de ir a festas e receber imenso dinheiro. Pronto, há inveja nas minhas palavras, admito. É uma inveja saudável, mas não consigo evitar. Se esta nossa enorme curiosidade sobre a vida dos outros acabasse, as revistas eram obrigadas a mudar de estratégia de venda. É isso! O que tem de mudar somos nos, porque as revistam só publicam aquilo que gostamos de ler. Somos nos, os consumidores daquelas revistas sem interesse nenhum que lhes damos dinheiro, como se isto estivesse bom para andar a dar dinheiro a alguém. Mas isto seria muito difícil, porque os portugueses não gostam de mudar, a rotina de ler a revistinha cor-de-rosa já faz parte do dia-a-dia. Até eu, que às Quartas-feiras nunca me esqueço de comprar a revista (não vou dizer nomes, porque isso seria publicidade, seria dar-lhes mais dinheiro e como estamos em crise).
domingo, maio 24
Longe vão os tempos dos grandes convívios sociais, em que as pessoas saíam à rua cheias de alegria e de vontade de confraternizar. As crianças corriam como baratas tontas e riam com a espontaneidade que lhes é característica; as senhoras juntavam-se em pequenos grupos, falando das suas lides e de como a filha da vizinha tinha finalmente «desencalhado»; os homens jogavam às cartas, muito bem acompanhados pelo copo cheio ou a cigarrilha.
Mas isso, isso era dantes! Hoje em dia já ninguém tem disponibilidade (para não dizer: vontade) para isso. Uns porque estão cansados do trabalho e preferem deitar-se no sofá a ver televisão; outros porque acham que da sua vida sabem eles e não precisam de mais ninguém.
Tretas! O que acontece, de facto, é que as pessoas perderam a prática de sorrir, de serem solidárias, a prática da simpatia e da disponibilidade e receptividade para com os outros. É normal, anda toda a gente a faltar aos treinos...
"Individual" é agora a palavra da moda e já nem as famílias se juntam para o típico almoço de Domingo. Mesas cheias? Já não sei o que são! Estamos no tempo de "cada galinha no seu poleiro", em que o esforço de investimento é incrivelmente egoísta. Compra-se um bom sofá e os últimos modelos de electrodomésticos e é-se feliz, será?
Não! De modo algum! É preciso sair da toca, trocar sorrisos, ideias, preocupações. É preciso haver interesse pelos outros, querer saber, preocupar-se!
Tudo o que é social parece trazer um rótulo com um aviso de falta de qualidade e, continuando assim, esses produtos vão acabar por sair do mercado.
E mais grave que isto é a discrepância que existe entre a capacidade das pessoas para criticar e a sua capacidade para mudar. O espaço público é já quase nada, porque a sua manutenção exige esforço.
Deixem-se disso! O acto de viver não é como uma escova de dentes, o acto de viver não é pessoal e intransmissível.
Mas isso, isso era dantes! Hoje em dia já ninguém tem disponibilidade (para não dizer: vontade) para isso. Uns porque estão cansados do trabalho e preferem deitar-se no sofá a ver televisão; outros porque acham que da sua vida sabem eles e não precisam de mais ninguém.
Tretas! O que acontece, de facto, é que as pessoas perderam a prática de sorrir, de serem solidárias, a prática da simpatia e da disponibilidade e receptividade para com os outros. É normal, anda toda a gente a faltar aos treinos...
"Individual" é agora a palavra da moda e já nem as famílias se juntam para o típico almoço de Domingo. Mesas cheias? Já não sei o que são! Estamos no tempo de "cada galinha no seu poleiro", em que o esforço de investimento é incrivelmente egoísta. Compra-se um bom sofá e os últimos modelos de electrodomésticos e é-se feliz, será?
Não! De modo algum! É preciso sair da toca, trocar sorrisos, ideias, preocupações. É preciso haver interesse pelos outros, querer saber, preocupar-se!
Tudo o que é social parece trazer um rótulo com um aviso de falta de qualidade e, continuando assim, esses produtos vão acabar por sair do mercado.
E mais grave que isto é a discrepância que existe entre a capacidade das pessoas para criticar e a sua capacidade para mudar. O espaço público é já quase nada, porque a sua manutenção exige esforço.
Deixem-se disso! O acto de viver não é como uma escova de dentes, o acto de viver não é pessoal e intransmissível.
sábado, maio 23
Não é bem assim
O grupo era simpático e interessado. Era composto por pequenos comerciantes duma vila de nobres tradições “tauromáquicas” situada a poucos quilómetros de Lisboa, que tinham decidido prescindir duns quantos episódios da telenovela da noite ou duns serões no Café do Bairro para aprenderem a gerir melhor as suas mercearias, talhos, farmácias, restaurantes e outros pequenos negócios locais.
Frequentavam um curso organizado pela associação de comerciantes da região e tinham criado entre eles uma corrente de simpatia e solidariedade, própria de quem partilha experiências e aprende uma linguagem comum.
O esforço que cada um deles colocava nestas horas tiradas a um merecido descanso estava, na opinião de muitos deles, a dar bons resultados. Já tinham aprendido a valorizar o planeamento das actividades, a perceber a classificação contabilística de alguns documentos e a importância da fazer um contrato de trabalho bem fundamentado. Estavam agora a aprender algo que não sabiam que era possível aprender, mas que todos sabiam de enorme valor: Como liderar os seus colaboradores.
O tema era estimulante e cativava com facilidade o interesse dos participantes no curso. Falar de temas como a comunicação, as relações interpessoais ou a motivação de equipas de trabalho a pessoas que tinham anos de experiência de relacionamento diário com clientes e de liderança de equipas, era tudo menos difícil.
José, o formador, embora jovem, juntava uma prática na gestão de pessoas em grandes empresas nacionais e multinacionais com um enorme prazer na “facilitação” de acções de formação, especialmente quando entre os participantes se encontravam pessoas para quem o que aprendiam tinha aplicação prática quase imediata.
O módulo tinha corrido muito bem até aí. Os participantes falavam das suas dificuldades na gestão dos seus empregados e das particularidades dos seus negócios, que todos consideravam como sendo únicas. José aproveitava estes testemunhos para gerar o debate, realçando os aspectos relevantes e orientando a aprendizagem.
O ambiente aqueceu ao rubro quanto estalou o debate sobre se o dinheiro era ou não um factor de motivação. O jovem monitor, aproveitando os argumentos dos intervenientes, teorizava sobre a existência de recompensas intrínsecas e extrínsecas, explicando que as primeiras vinham do prazer que se tira de completar com sucesso uma tarefa ou alcançar um objectivo, enquanto as segundas eram provenientes da aprovação e reconhecimento por alguém. Defendia, entusiasticamente, que o que verdadeiramente gerava a motivação dos empregados e os fazia trabalhar com mais energia e criatividade eram aspectos ligados às tarefas desempenhadas e ao prazer que delas conseguia retirar.
Amélia, uma das participantes mais simpáticas e activas, que nesse dia tinha estado bastante calada, manifestou-se de forma enfática: “Ó “Sotor”, não é bem assim!”
O “Sotor” insistiu que era assim e continuou com a mesma convicção. Mostrou a diferença entre motivar e incentivar, demonstrando do carácter consistente e continuado do primeiro conceito e a pouca duração do segundo. Um aumento da retribuição ou um prémio em dinheiro podem “incentivar” um aumento de produtividade, mas apenas de forma passageira. Contudo, defendia ele, só tarefas mais exigentes e desafiantes, uma maior autonomia no seu desempenho ou a contribuição para um fim comum geram um aumento de energia de forma consistente e continuada.
Mas Amélia, não pareceu nada convencida com a argumentação do José e repetiu num tom ainda mais incrédulo “Ó “Sotor”, olhe que não é bem assim!”
José, tentando uma via para contornar a contestação pouco habitual de Amélia, orientou a sua resposta para a diferença entre satisfação e motivação, explicando que eram conceitos diferentes e ilustrando essa diferença. Satisfeito é um colaborador que tem a camisola da empresa vestida, enquanto motivado é aquele que a tem vestida e suada. E continuou explicando os fundamentos teóricos da motivação e referindo vários exemplos de situações em que o delegar de responsabilidades, a atribuição de tarefas mais nobres, ou a participação num projecto de grande importância para a empresa originaram um aumento continuado do nível de empenho e da eficácia.
“ò Sotor, não é bem assim, pelo menos nalguns casos”, teimou Amélia.
É pois! repetiu o formador. Mesmo aceitando que existam diferenças na forma de motivar cada um dos nossos colaboradores, devido às diferenças de interesses e personalidade de cada pessoa, a verdade é que existem estudos que provam que, em termos gerais, a melhor forma de motivar uma pessoa é enriquecer a sua função com tarefas mais aliciantes, é dar-lhe maiores responsabilidades, novos desafios.
A linguagem corporal e facial de Amélia, indicavam que ela parecia estar vencida mas não convencida, pelo que não resistiu a retorquir: “Tudo bem, Sotor, essas teorias podem aplicar-se noutros sectores, mas no meu não se aplicam.”
Já um pouco incomodado, José respondeu: “Amélia, as teorias da liderança e motivação partem da natureza humana que, como bem sabe, não varia de empresa para empresa, mas, de qualquer forma, diga-nos lá qual é o seu sector”.
“Eu tenho uma agência funerária! – respondeu Amélia – O “Sotor” há-de explicar que raio de satisfação ou motivação é que os meus colaboradores conseguem retirar das suas tarefas”.
Sintra, 22 de Maio de 2009
José Bancaleiro
Frequentavam um curso organizado pela associação de comerciantes da região e tinham criado entre eles uma corrente de simpatia e solidariedade, própria de quem partilha experiências e aprende uma linguagem comum.
O esforço que cada um deles colocava nestas horas tiradas a um merecido descanso estava, na opinião de muitos deles, a dar bons resultados. Já tinham aprendido a valorizar o planeamento das actividades, a perceber a classificação contabilística de alguns documentos e a importância da fazer um contrato de trabalho bem fundamentado. Estavam agora a aprender algo que não sabiam que era possível aprender, mas que todos sabiam de enorme valor: Como liderar os seus colaboradores.
O tema era estimulante e cativava com facilidade o interesse dos participantes no curso. Falar de temas como a comunicação, as relações interpessoais ou a motivação de equipas de trabalho a pessoas que tinham anos de experiência de relacionamento diário com clientes e de liderança de equipas, era tudo menos difícil.
José, o formador, embora jovem, juntava uma prática na gestão de pessoas em grandes empresas nacionais e multinacionais com um enorme prazer na “facilitação” de acções de formação, especialmente quando entre os participantes se encontravam pessoas para quem o que aprendiam tinha aplicação prática quase imediata.
O módulo tinha corrido muito bem até aí. Os participantes falavam das suas dificuldades na gestão dos seus empregados e das particularidades dos seus negócios, que todos consideravam como sendo únicas. José aproveitava estes testemunhos para gerar o debate, realçando os aspectos relevantes e orientando a aprendizagem.
O ambiente aqueceu ao rubro quanto estalou o debate sobre se o dinheiro era ou não um factor de motivação. O jovem monitor, aproveitando os argumentos dos intervenientes, teorizava sobre a existência de recompensas intrínsecas e extrínsecas, explicando que as primeiras vinham do prazer que se tira de completar com sucesso uma tarefa ou alcançar um objectivo, enquanto as segundas eram provenientes da aprovação e reconhecimento por alguém. Defendia, entusiasticamente, que o que verdadeiramente gerava a motivação dos empregados e os fazia trabalhar com mais energia e criatividade eram aspectos ligados às tarefas desempenhadas e ao prazer que delas conseguia retirar.
Amélia, uma das participantes mais simpáticas e activas, que nesse dia tinha estado bastante calada, manifestou-se de forma enfática: “Ó “Sotor”, não é bem assim!”
O “Sotor” insistiu que era assim e continuou com a mesma convicção. Mostrou a diferença entre motivar e incentivar, demonstrando do carácter consistente e continuado do primeiro conceito e a pouca duração do segundo. Um aumento da retribuição ou um prémio em dinheiro podem “incentivar” um aumento de produtividade, mas apenas de forma passageira. Contudo, defendia ele, só tarefas mais exigentes e desafiantes, uma maior autonomia no seu desempenho ou a contribuição para um fim comum geram um aumento de energia de forma consistente e continuada.
Mas Amélia, não pareceu nada convencida com a argumentação do José e repetiu num tom ainda mais incrédulo “Ó “Sotor”, olhe que não é bem assim!”
José, tentando uma via para contornar a contestação pouco habitual de Amélia, orientou a sua resposta para a diferença entre satisfação e motivação, explicando que eram conceitos diferentes e ilustrando essa diferença. Satisfeito é um colaborador que tem a camisola da empresa vestida, enquanto motivado é aquele que a tem vestida e suada. E continuou explicando os fundamentos teóricos da motivação e referindo vários exemplos de situações em que o delegar de responsabilidades, a atribuição de tarefas mais nobres, ou a participação num projecto de grande importância para a empresa originaram um aumento continuado do nível de empenho e da eficácia.
“ò Sotor, não é bem assim, pelo menos nalguns casos”, teimou Amélia.
É pois! repetiu o formador. Mesmo aceitando que existam diferenças na forma de motivar cada um dos nossos colaboradores, devido às diferenças de interesses e personalidade de cada pessoa, a verdade é que existem estudos que provam que, em termos gerais, a melhor forma de motivar uma pessoa é enriquecer a sua função com tarefas mais aliciantes, é dar-lhe maiores responsabilidades, novos desafios.
A linguagem corporal e facial de Amélia, indicavam que ela parecia estar vencida mas não convencida, pelo que não resistiu a retorquir: “Tudo bem, Sotor, essas teorias podem aplicar-se noutros sectores, mas no meu não se aplicam.”
Já um pouco incomodado, José respondeu: “Amélia, as teorias da liderança e motivação partem da natureza humana que, como bem sabe, não varia de empresa para empresa, mas, de qualquer forma, diga-nos lá qual é o seu sector”.
“Eu tenho uma agência funerária! – respondeu Amélia – O “Sotor” há-de explicar que raio de satisfação ou motivação é que os meus colaboradores conseguem retirar das suas tarefas”.
Sintra, 22 de Maio de 2009
José Bancaleiro
sexta-feira, maio 22
Conto
O medo como pior dos inimigos
Juliana era uma rapariga muito inteligente, culta, que detestava conversas fúteis e que nunca ninguém vira sem um sorriso na cara. Não era a melhor aluna da turma, nem a mais popular. Tocava piano desde muito nova. Tinha sido convidada a participar num evento onde estariam os melhores pianistas do mundo. Foram semanas de muitos e intensos ensaios. Foram momentos de muita tensão e disciplina, que se deveriam revelar no dia do espectáculo. Juliana esforçou-se. Esteve atenta a todos os ensaios, a tudo o que o professor lhe dizia e cada pormenor estava na sua cabeça. O tempo passou e a véspera do grande dia chegou, Juliana estava contente com aquela oportunidade e ao mesmo tempo tremia de medo. Sentou-se ao piano e não conseguiu lembrar-se de nada. Ela sabia que era boa no que fazia, mas o medo apoderara-se dela de tal forma que ela se tinha esquecido das notas, da forma de tocar, de tudo.O dia do concerto amanheceu claro e tudo parecia estar no bom caminho. Juliana caminhou até ao piano de sua casa na esperança de ver contrariada a ideia de que se tinha esquecido de tudo, mas os nervos continuavam lá, agora ainda mais visíveis. Atormentava-a o facto de pensar que nunca seria capaz de brilhar. Falou com os pais, mas mesmo assim, estes decidiram levá-la e quando chegaram ao local do espectáculo, falaram com o professor, que lhes pediu calma. Assim que o viu, Juliana foi a correr, contar-lhe que se tinha esquecido de tudo e pediu para a trocarem.António, professor há mais de vinte anos, respondeu-lhe com um sorriso:-Não te esqueceste de nada. Acontece que estás nervosa e parece que tens uma branca, mas quando subires aquele palco, vais ver que isso não passa de uma impressão tua.-Mas eu tentei em casa.... E não sabia nada.Juliana estava agora verdadeiramente nervosa, estava em pânico. A respiração ofegante, fazia prever que a jovem pianista se recusaria a subir ao palco.O grande momento chegou e o professor fez-lhe sinal que subisse. Juliana subiu a tremer e sentou-se ao piano. O espectáculo começou e chegou a vez da menina tocar. E Juliana fê-lo. Fê-lo de uma maneira tão bonita que encantou, um por um, todos os presentes na sala. À medida que o espectáculo avançava, era cada vez maior o número de pessoas que elogiava a pianista. Ouviu-se a última tecla do piano tocar e todo o auditório se levantou para aplaudir. Juliana levantou-se do banco e ainda a tremer, veio agradecer os aplausos. Olhou para o professor que lhe sorriu. Assim que desceu do palco, foi ter com o seu professor de piano. -Eu sabia que eras capaz. Estiveste fantástica.
Juliana tinha agora ficado corada e feliz com as palavras de António.
-Eu pensava que nunca seria capaz.
Fechou os olhos e apertando as mãos contra o peito, disse:
-Sabe uma coisa? Às vezes somos levados por uma ignorância pessoal, que nos faz pensar que não somos capazes de fazer alguma coisa. Normalmente não nos conhecemos bem, não sabemos daquilo que somos realmente capazes. Somos induzidos no sentido de desistir e depois ficamos aliviados, mas a pensar como seria se.... E há um sentimento. Algo que nunca nos deixa avançar, que nos faz recuar cada vez mais. O medo, ele é o culpado de muitas desistências. Hoje aprendi uma coisa , o medo é o pior dos nossos inimigos. Se queremos fazer uma coisa, fazemo-la e quando sentimos medo basta pensar que ele.... ele não é ninguém, não é nada, ele vem e vai, chega quando menos precisamos dele e só vai embora quando ganha a batalha. Mas hoje fui eu quem ganhou a batalha. Hoje fui a pior inimiga do medo.
O professor acenou com a cabeça, concordando com a aluna e os dois abraçaram-se.
Agora Juliana já passou por vários espectáculos, foi a diversos países, recebeu inúmeros prémios. E o medo ? O medo vem sempre ter com ela, mas, quando ela sai ele fica em casa e assim que ela sobe ao palco ele dá-se por vencido.
Juliana era uma rapariga muito inteligente, culta, que detestava conversas fúteis e que nunca ninguém vira sem um sorriso na cara. Não era a melhor aluna da turma, nem a mais popular. Tocava piano desde muito nova. Tinha sido convidada a participar num evento onde estariam os melhores pianistas do mundo. Foram semanas de muitos e intensos ensaios. Foram momentos de muita tensão e disciplina, que se deveriam revelar no dia do espectáculo. Juliana esforçou-se. Esteve atenta a todos os ensaios, a tudo o que o professor lhe dizia e cada pormenor estava na sua cabeça. O tempo passou e a véspera do grande dia chegou, Juliana estava contente com aquela oportunidade e ao mesmo tempo tremia de medo. Sentou-se ao piano e não conseguiu lembrar-se de nada. Ela sabia que era boa no que fazia, mas o medo apoderara-se dela de tal forma que ela se tinha esquecido das notas, da forma de tocar, de tudo.O dia do concerto amanheceu claro e tudo parecia estar no bom caminho. Juliana caminhou até ao piano de sua casa na esperança de ver contrariada a ideia de que se tinha esquecido de tudo, mas os nervos continuavam lá, agora ainda mais visíveis. Atormentava-a o facto de pensar que nunca seria capaz de brilhar. Falou com os pais, mas mesmo assim, estes decidiram levá-la e quando chegaram ao local do espectáculo, falaram com o professor, que lhes pediu calma. Assim que o viu, Juliana foi a correr, contar-lhe que se tinha esquecido de tudo e pediu para a trocarem.António, professor há mais de vinte anos, respondeu-lhe com um sorriso:-Não te esqueceste de nada. Acontece que estás nervosa e parece que tens uma branca, mas quando subires aquele palco, vais ver que isso não passa de uma impressão tua.-Mas eu tentei em casa.... E não sabia nada.Juliana estava agora verdadeiramente nervosa, estava em pânico. A respiração ofegante, fazia prever que a jovem pianista se recusaria a subir ao palco.O grande momento chegou e o professor fez-lhe sinal que subisse. Juliana subiu a tremer e sentou-se ao piano. O espectáculo começou e chegou a vez da menina tocar. E Juliana fê-lo. Fê-lo de uma maneira tão bonita que encantou, um por um, todos os presentes na sala. À medida que o espectáculo avançava, era cada vez maior o número de pessoas que elogiava a pianista. Ouviu-se a última tecla do piano tocar e todo o auditório se levantou para aplaudir. Juliana levantou-se do banco e ainda a tremer, veio agradecer os aplausos. Olhou para o professor que lhe sorriu. Assim que desceu do palco, foi ter com o seu professor de piano. -Eu sabia que eras capaz. Estiveste fantástica.
Juliana tinha agora ficado corada e feliz com as palavras de António.
-Eu pensava que nunca seria capaz.
Fechou os olhos e apertando as mãos contra o peito, disse:
-Sabe uma coisa? Às vezes somos levados por uma ignorância pessoal, que nos faz pensar que não somos capazes de fazer alguma coisa. Normalmente não nos conhecemos bem, não sabemos daquilo que somos realmente capazes. Somos induzidos no sentido de desistir e depois ficamos aliviados, mas a pensar como seria se.... E há um sentimento. Algo que nunca nos deixa avançar, que nos faz recuar cada vez mais. O medo, ele é o culpado de muitas desistências. Hoje aprendi uma coisa , o medo é o pior dos nossos inimigos. Se queremos fazer uma coisa, fazemo-la e quando sentimos medo basta pensar que ele.... ele não é ninguém, não é nada, ele vem e vai, chega quando menos precisamos dele e só vai embora quando ganha a batalha. Mas hoje fui eu quem ganhou a batalha. Hoje fui a pior inimiga do medo.
O professor acenou com a cabeça, concordando com a aluna e os dois abraçaram-se.
Agora Juliana já passou por vários espectáculos, foi a diversos países, recebeu inúmeros prémios. E o medo ? O medo vem sempre ter com ela, mas, quando ela sai ele fica em casa e assim que ela sobe ao palco ele dá-se por vencido.
Olhar ao espelho é ...
Sou amiga, resultado de alguma solidão.
Tenho uma imaginação capaz de me levar ao mais longínquo sonho.
Vivo cada dia á espera de ser feliz...sem acreditar que o possa ser totalmente.
Gosto de acreditar que vou puder mudar o mundo ou pelo menos ajudá-lo a melhorar.
Perdoo tão facilmente que me vejo magoada pelo perdão.
A calma faz parte de mim, quando a impaciência não me atinge.
Não tolero injustiças nem falta de educação, acho que cada um é a sua própria reflexão.
Gosto de conversar e de cantar, a música é um refúgio.
Preservei a minha vida até ao momento em que desabafar se tornou uma necessidade.
Com a dor do crescimento tornei-me mais madura e decidida, criei alicerces para seguir em frente com outra atitude.
Gosto de ler e escrever, a primeira faz-me aprender, a segunda faz-me crescer.
Adoro a solidão do quarto, onde tudo parece mais simples e humano.
Tudo o que passei fez-me crescer, aprender e evoluir, não me sinto preparada para o mundo adulto, nem tão pouco para sair do das crianças.
Tenho uma imaginação capaz de me levar ao mais longínquo sonho.
Vivo cada dia á espera de ser feliz...sem acreditar que o possa ser totalmente.
Gosto de acreditar que vou puder mudar o mundo ou pelo menos ajudá-lo a melhorar.
Perdoo tão facilmente que me vejo magoada pelo perdão.
A calma faz parte de mim, quando a impaciência não me atinge.
Não tolero injustiças nem falta de educação, acho que cada um é a sua própria reflexão.
Gosto de conversar e de cantar, a música é um refúgio.
Preservei a minha vida até ao momento em que desabafar se tornou uma necessidade.
Com a dor do crescimento tornei-me mais madura e decidida, criei alicerces para seguir em frente com outra atitude.
Gosto de ler e escrever, a primeira faz-me aprender, a segunda faz-me crescer.
Adoro a solidão do quarto, onde tudo parece mais simples e humano.
Tudo o que passei fez-me crescer, aprender e evoluir, não me sinto preparada para o mundo adulto, nem tão pouco para sair do das crianças.
quinta-feira, maio 21
olhar ao espelho é...
Quando me olho ao espelho e reflicto vejo o que fui e o que agora sou e muitas vezes comparo.Nunca fui uma pessoa muito segura, nunca gostei de mostrar o que sinto, desde á muito que optei por mostrar-me como uma pessoa alegre bem disposta, viva… que gosta de viver a vida com um pouco daquela magia de criança ….Mas nem tudo o que parece é…é verdade que vivo um pouco no mundo dos pequenos mas tenho noção da realidade….de uma realidade que por vezes me assusta não pelas pessoas mas pelos actos delas.
Embora aparentemente risonha e bem disposta, sou insegura e tenho receio da morte e que algo aconteça as pessoas que mais amo.
Apesar disso nem sempre fui assim. No quinto ano optei por entrar como uma criança fria tentei me afastar das pessoas com medo de me afeiçoar e de mais tarde as perder…depois isso passou entrei no 6º ano rodeada de gente adorável que continuou ate ao 7ºano ai voltei de novo a fechar-me não por medo mas por opção achei que seria mais fácil organizar-me assim obvio que tal capa não durou muito…Acabei por me tornar no que sou hoje uma pessoa alegre, bem disposta mas apesar disso esconde muitos segredos e sentimentos que apenas 2 pessoas os conseguem detectar o que me incomoda mas ao mesmo tempo me alegra.
No dia a dia opto por me mostrar uma pessoa responsável, alegre, uma amiga que gosta de ajudar….mas muitas vezes por dentro estou magoada e quando tal acontece tenho sempre a tentação de me fechar mas tento não o fazer pois não gosto que tenham pena de mim( a quem diga que sou orgulhosa, ate pode ser mas gosto de mim como sou e gosto 1º de tentar resolver eu os problemas e só em ultimo caso recorrer a alguém. Apenas em dias em que necessito organizar a cabeça é que me fecho…chorar nunca ninguém me viu só as pessoas mais chegadas e raramente por tristeza, chorar prefiro o fazer quando estou só no meu quarto á noite e isso só em ultimo caso pois gosto de lutar pelas coisas e não de ficar a olhar para elas.
Não gosto de julgar ninguém pelo aspecto e não gosto que me julgem por o que está por fora pois acima de tudo o que conta para mim é o interio. Sou uma pessoa directa, mas senssivel, gosto de me dar com todos mas detesto que se metam na minha vida ou que me venham falar de roupa e marcas. No fundo sou uma criança, simples mas com um enorme coraçao, gosto de ajudar os outros o que muitas vezes me faz esquecer de mim.
Embora aparentemente risonha e bem disposta, sou insegura e tenho receio da morte e que algo aconteça as pessoas que mais amo.
Apesar disso nem sempre fui assim. No quinto ano optei por entrar como uma criança fria tentei me afastar das pessoas com medo de me afeiçoar e de mais tarde as perder…depois isso passou entrei no 6º ano rodeada de gente adorável que continuou ate ao 7ºano ai voltei de novo a fechar-me não por medo mas por opção achei que seria mais fácil organizar-me assim obvio que tal capa não durou muito…Acabei por me tornar no que sou hoje uma pessoa alegre, bem disposta mas apesar disso esconde muitos segredos e sentimentos que apenas 2 pessoas os conseguem detectar o que me incomoda mas ao mesmo tempo me alegra.
No dia a dia opto por me mostrar uma pessoa responsável, alegre, uma amiga que gosta de ajudar….mas muitas vezes por dentro estou magoada e quando tal acontece tenho sempre a tentação de me fechar mas tento não o fazer pois não gosto que tenham pena de mim( a quem diga que sou orgulhosa, ate pode ser mas gosto de mim como sou e gosto 1º de tentar resolver eu os problemas e só em ultimo caso recorrer a alguém. Apenas em dias em que necessito organizar a cabeça é que me fecho…chorar nunca ninguém me viu só as pessoas mais chegadas e raramente por tristeza, chorar prefiro o fazer quando estou só no meu quarto á noite e isso só em ultimo caso pois gosto de lutar pelas coisas e não de ficar a olhar para elas.
Não gosto de julgar ninguém pelo aspecto e não gosto que me julgem por o que está por fora pois acima de tudo o que conta para mim é o interio. Sou uma pessoa directa, mas senssivel, gosto de me dar com todos mas detesto que se metam na minha vida ou que me venham falar de roupa e marcas. No fundo sou uma criança, simples mas com um enorme coraçao, gosto de ajudar os outros o que muitas vezes me faz esquecer de mim.
quarta-feira, maio 20
Impulso

Escreve
Escreve porque te apetece e não por apetecer a outros
Escreve por necessidade e não por obrigação
O quê?
O que te vier à mente; o que sentes; não penses muito
Deixa fluir...
Uma-a-uma, gota-a-gota...
Escreve para inspirar, não quando estás sob inspiração
Escreve por impulso; não releias; não páres; segue, segue, segue...
Deixa-te embalar pela reconfortante ondulação das palavras
Suave e intensamente
Lenta e bruscamente
Com dedicação, com entrega completa...
Escreve e logo se vê!
segunda-feira, maio 18
A crise
Numa pequena vila estância de férias na costa sul da França, chove como de costume, e nada de especial acontece.
A crise sente-se por lá.
Toda a gente deve a toda a gente, carregado de dívidas assim vai o dia-a-dia.
Subitamente, um rico turista russo, chega ao foyer do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100€ sobre o balcão, pede uma chave de um alojamento e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se este lhe não agradar.
O dono do hotel pega na nota de 100€ e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100€, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100€ que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100€ a uma prostituta que lhe concedera serviços a crédito. Esta recebe os 100€ e corre ao hotel a quem devia 100€ pela utilização ocasional de quartos à hora para atender os seus clientes.
Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100€. Recebe o dinheiro e sai.Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido.
Contudo todos liquidaram as suas dívidas, anteriormente contraídas, e estes elementos da pequena vila costeira encaram agora de uma forma optimista o futuro.
Dá para pensar...
A crise sente-se por lá.
Toda a gente deve a toda a gente, carregado de dívidas assim vai o dia-a-dia.
Subitamente, um rico turista russo, chega ao foyer do pequeno hotel local. Pede um quarto e coloca uma nota de 100€ sobre o balcão, pede uma chave de um alojamento e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na condição de desistir se este lhe não agradar.
O dono do hotel pega na nota de 100€ e corre ao fornecedor de carne a quem deve 100€, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a pagar 100€ que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100€ a uma prostituta que lhe concedera serviços a crédito. Esta recebe os 100€ e corre ao hotel a quem devia 100€ pela utilização ocasional de quartos à hora para atender os seus clientes.
Neste momento o russo rico desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100€. Recebe o dinheiro e sai.Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido.
Contudo todos liquidaram as suas dívidas, anteriormente contraídas, e estes elementos da pequena vila costeira encaram agora de uma forma optimista o futuro.
Dá para pensar...
domingo, maio 17
Olhar ao espelho é...
Ver uma rapariga que está sempre a sorrir, mesmo que não tenho motivos para tal.
Alguém que dá o devido valor às pessoas à sua volta e que não despreza ninguém por ser diferente.
Tem tantos sonhos, todos tão diferentes, que ninguém imaginaria.
Acredita piamente que o Mundo daqui a uns anos possa vir a ser bastante melhor do que aquele em que vivemos agora. Também acredita que está a contribuir para tal.
É muito orgulhosa, o que a prejudicou em alguns casos.
Não consigue presenciar injustiças, nem para mim nem para os outros.
Alguém que quer tanto ajudar os outros e que gosta de dar conselhos sobre tudo e que depois se esquece dos conselhos que deu, para ela própria, resolver os seus problemas.
Alguém que se conforta, a olhar para as estrelas e a imaginar a imensidão que deve ser o que há para além daquilo que vemos.
Ler é o que a leva aos mais infinitos dos horizontes.
O espelho não reflecte, o que está dentro de nos, mostra simplesmente a nossa face, que pode ser a melhor, mas nunca há-de mostrar o que vai dentro de nos.
Alguém que dá o devido valor às pessoas à sua volta e que não despreza ninguém por ser diferente.
Tem tantos sonhos, todos tão diferentes, que ninguém imaginaria.
Acredita piamente que o Mundo daqui a uns anos possa vir a ser bastante melhor do que aquele em que vivemos agora. Também acredita que está a contribuir para tal.
É muito orgulhosa, o que a prejudicou em alguns casos.
Não consigue presenciar injustiças, nem para mim nem para os outros.
Alguém que quer tanto ajudar os outros e que gosta de dar conselhos sobre tudo e que depois se esquece dos conselhos que deu, para ela própria, resolver os seus problemas.
Alguém que se conforta, a olhar para as estrelas e a imaginar a imensidão que deve ser o que há para além daquilo que vemos.
Ler é o que a leva aos mais infinitos dos horizontes.
O espelho não reflecte, o que está dentro de nos, mostra simplesmente a nossa face, que pode ser a melhor, mas nunca há-de mostrar o que vai dentro de nos.
"Olhar no Espelho é..."
Quando nos olhamos ao espelho, muitas vezes, podemos interpretar a nossa aparência como algo de bom ou mau, mas olhado bem para o nosso interior por vezes podemos ser completamente diferentes. Só que aparência não é tudo, e o nosso interior também conta, por isso não podemos dizer que há pessoas feias, temos de considerar que cada pessoa é “bonita” à sua maneira.
Quando me olho ao espelho, vejo todo o meu passado, quando estava triste, feliz, magoada ou até desiludida. Acho que é um conforto para mim olhar-me no espelho e pensar que tenho orgulho na pessoa que sou hoje, porque foram as pessoas que gostam de mim que mais me ajudaram a ser aquilo que sou. No espelho consigo ver as minhas virtudes e defeitos. Vejo-me uma pessoa demasiado teimosa, preguiçosa, um pouco ciumenta, dona do meu nariz, mas além disso, vejo-me agarrada a vida, dou tudo por ser feliz com aqueles que mais gosto. No espelho vejo o meu presente e imagino o meu futuro, imagino-me como mãe e uma futura mulher trabalhadora.
O espelho é a coisa mais sincera que existe no mundo, com ele não pode haver qualquer tipo de mentiras, pois é com o espelho que a nossa imagem reflecte aquilo que fomos, somos e vamos ser.
Quando me olho ao espelho, vejo todo o meu passado, quando estava triste, feliz, magoada ou até desiludida. Acho que é um conforto para mim olhar-me no espelho e pensar que tenho orgulho na pessoa que sou hoje, porque foram as pessoas que gostam de mim que mais me ajudaram a ser aquilo que sou. No espelho consigo ver as minhas virtudes e defeitos. Vejo-me uma pessoa demasiado teimosa, preguiçosa, um pouco ciumenta, dona do meu nariz, mas além disso, vejo-me agarrada a vida, dou tudo por ser feliz com aqueles que mais gosto. No espelho vejo o meu presente e imagino o meu futuro, imagino-me como mãe e uma futura mulher trabalhadora.
O espelho é a coisa mais sincera que existe no mundo, com ele não pode haver qualquer tipo de mentiras, pois é com o espelho que a nossa imagem reflecte aquilo que fomos, somos e vamos ser.
Auto-retrato
Auto-retrato aos 16 anos
Nasceu em 1992, em Lisboa.
Altura 1,59.
Sapato nº 36
Veste o 34.
O seu signo: Carneiro.
Adora dança e música.
É Dançarina à 4 anos.
Odeia pessoas falsas e cínicas.
Não gosta de mentiras.
Não suporta pessoas convencidas.
Adora ir as compras. Tem imensa roupa.
É dependente do mp4, telemóvel e televisão.
Gosta de passear e fazer viagens.
Não gosta muito de gatos. Adora cães.
A sua comida preferida: Lasanha.
Gosta pouco ou nada de Peixe.
Apesar de a acharem optimista, é insegura.
Gostava de seguir a carreira de Polícia Judiciaria e dançarina.
Não gosta de receber críticas e muito menos que refilem.
É viciada no namorado e nos amigos.
Detesta acordar cedo.
É-lhe indiferente se as pessoas gostam dela ou não.
A família é o seu bem essencial.
Está farta do computador.
Já aprendeu imenso com a vida.
Tem o sonho de voltar a ver o seu melhor amigo.
Deseja casar aos 24 anos e ter 3 filhos.
Espera morrer com 100 anos, como a sua Bisavó.
Continua à espera que lhe saia o EuroMilhões.
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