domingo, maio 24

Longe vão os tempos dos grandes convívios sociais, em que as pessoas saíam à rua cheias de alegria e de vontade de confraternizar. As crianças corriam como baratas tontas e riam com a espontaneidade que lhes é característica; as senhoras juntavam-se em pequenos grupos, falando das suas lides e de como a filha da vizinha tinha finalmente «desencalhado»; os homens jogavam às cartas, muito bem acompanhados pelo copo cheio ou a cigarrilha.
Mas isso, isso era dantes! Hoje em dia já ninguém tem disponibilidade (para não dizer: vontade) para isso. Uns porque estão cansados do trabalho e preferem deitar-se no sofá a ver televisão; outros porque acham que da sua vida sabem eles e não precisam de mais ninguém.
Tretas! O que acontece, de facto, é que as pessoas perderam a prática de sorrir, de serem solidárias, a prática da simpatia e da disponibilidade e receptividade para com os outros. É normal, anda toda a gente a faltar aos treinos...
"Individual" é agora a palavra da moda e já nem as famílias se juntam para o típico almoço de Domingo. Mesas cheias? Já não sei o que são! Estamos no tempo de "cada galinha no seu poleiro", em que o esforço de investimento é incrivelmente egoísta. Compra-se um bom sofá e os últimos modelos de electrodomésticos e é-se feliz, será?
Não! De modo algum! É preciso sair da toca, trocar sorrisos, ideias, preocupações. É preciso haver interesse pelos outros, querer saber, preocupar-se!
Tudo o que é social parece trazer um rótulo com um aviso de falta de qualidade e, continuando assim, esses produtos vão acabar por sair do mercado.
E mais grave que isto é a discrepância que existe entre a capacidade das pessoas para criticar e a sua capacidade para mudar. O espaço público é já quase nada, porque a sua manutenção exige esforço.
Deixem-se disso! O acto de viver não é como uma escova de dentes, o acto de viver não é pessoal e intransmissível.

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