terça-feira, junho 9

As minhas memórias

Todos os momentos da minha vida até agora foram praticamente todos felizes, mas claro que houve os menos bons e se calhar por serem isso mesmo são os que recordo com mais facilidade. Lembro-me quando chumbei no 6ºano. Foi um dos maiores choques da minha vida, porque apesar de saber que tinha três negativas e que ia chumbar, ainda tinha esperança que isso não acontecesse, até porque várias pessoas me disseram que não ia chumbar. Mas quando uma amiga me disse que tinha chumbado, tudo caiu por água abaixo. Sei que liguei para a minha mãe a chorar e ela disse que era bem feito. Foi um ano perdido, a repetir tudo de novo, mas vendo por o lado positivo fui muito bem preparada para o ano seguinte, o 7º, onde passei sem dificuldades. Outros momentos que me marcaram para sempre, foi a morte da minha avó Lucrécia e duma pessoa que era o meu segundo pai, a quem eu chamava carinhosamente de Pai Zé. Percebi que as pessoas vão desaparecendo com a maior rapidez de quando nascem e não entendi porquê que tinha de ser assim. A minha avó, era aquela pessoa que metia qualquer um a olhar, pelas roupas e pela quantidade de ouro que usava. Tinha a maior das paciências para aturar a neta, que insistia em dar-lhe aulas para ela aprender a escrever e a ler melhor. Era aquela que ria muito mas quando se chateava, era a sério. Segundo o que o meu pai diz, o meu feitio é igual ao dela. É dos maiores orgulhos saber que herdei alguma coisa da minha avó, assim já não são só as memórias que ficam. O Pai Zé, era aquele que como se costuma dizer, tinha alegria para dar e para vender. Desde que o conheci, desde que nasci, que nunca me lembro de o ver triste, podia estar claro, mas nunca o demonstrou. Dava vontade de olhar simplesmente para a cara dele, para se ficar alegre. Tinha tanta vontade de viver. Era aquele que merecia tudo desta vida, menos o que lhe aconteceu. Lembro-me de a minha mãe chegar ao meu quarto e dizer “Olha filha, o Pai Zé morreu” e só me apeteceu morrer com ele. Já passou um ano, mas a memória daquele pai vai ficar para sempre dentro de mim, porque o amo como se ama um pai.
O momento mais feliz da minha vida, foi certamente o dia 14/10/2003, quando realizei o meu sonho de ter um cão. Nunca pensei vir a realizá-lo, pelo menos tão cedo, pois a minha avó não queria que tivesses-mos um cão em casa, mas consegui convencê-la (vou-lhe ficar grata para sempre) e então fui com o meu pai à loja buscar um cão que já tínhamos visto e quando peguei nele e soube que era meu, senti-me a pessoa mais feliz do mundo. Tinha realizado o meu grande sonho. Hoje, o Eddie tem cinco anos e continua a ser o meu sonho e sei que quando ele desaparecer vai ser a lembrança mais bonita que vou poder ter.

Sem comentários: