quarta-feira, maio 20

Ele há cada coisa...

No seguimento do que escrevi a semana passada, vou esta semana falar, não de notícias que não são notícias, mas de notícias que não interessam a ninguém. Daquelas, que nos põem o sobrolho a tremer, mesmo que aquela estúpida notícia, tenha sido o melhor, que os senhores jornalistas, que dedicam a sua vida a informar o povo, conseguiram arranjar. Aqui ficam algumas dessas notícias.

Aqui fica a primeira. Já repararam como todos os Invernos somos "surpreendidos" por aqueles directos a partir da Serra da Estrela, porque, ó meu Deus está a nevar!A nevar no Inverno no ponto mais alto de Portugal Continental? Não, impossível! O quê, é mesmo verdade, estão lá os jornalistas e tudo? O mundo está realmente de pernas para o ar! Ou então é o sentido de notícia que está de pernas para o ar....

Ou então aquelas reportagens de Verão, que mostram milhares de portugueses nas praias e perguntam-lhes como é que está o tempo! Sendo Verão e estando milhares de portugueses na praia debaixo dos seus chapéus-de-sol e a chapinhar alegremente na água, é porque devem estar 20 graus abaixo de 0. E aliás, os repórteres, que estão no local, não conseguem avaliar o estado do tempo. Não, pergunta-se aos banhistas, para dar um ar mais credível. Sim, porque ninguém quer correr o risco de ser mal informado em relação ao tempo que está a fazer naquela praia. Livrai-nos disso!

E qual é o interesse, em no Natal entrevistar os portugueses nos centros comerciais para saber o que compraram para os seus familiares ou amigos? Ainda por cima estraga a surpresa a esses mesmos familiares e amigos a quem as prendas se destinam. E para piorar, as pessoas têm a tendência de dizer "comprei aquilo que era mais barato, não há dinheiro para comprar coisas boas". Eu acho que as pessoas pensam que a televisão só existe para eles, "ai não, eles não vêem". Claro que não, a televisão até é só para elites. Quem é que vê televisão afinal? Ninguém, as pessoas gostam é de teatro e museus. Mas o interessante é que não se entrevista uma pessoa. Entrevistam-se todas as pessoas que passam, que já têm de sobreviver na autêntica selva sem misericórdia e compaixão que é um centro comercial em época natalícia, como ainda têm de ver os seus esforços irem por água abaixo ao terem de revelar o que compraram, por razão nenhuma.

Mas o que é mesmo útil, para a nossa felicidade, é saber todos os pormenores acerca do quiosque ou café onde saiu o euromilhões. Pronto, é uma boa conversa de café, uma curiosidade, os noticiários até podem referir isso...mas irem até ao local e entrevistarem clientes frequentes daquele quiosque ou café, isso já é dar-se a mão e tirarem-nos não só o braço, mas o tronco. Mas o mais interessante é que quase se atribuem características míticas àquele local. É como se fosse um amuleto da sorte, um local santo onde um milagre aconteceu. Mas afinal, o que é que há a dizer acerca disto? Pronto, a pessoa que ganhou o euromilhões, entregou lá o boletim...e depois? O que é que se pode perguntar? E depois ficamos admirados com certas respostas completamente estúpidas que ouvimos nos noticiários. Também, o que é que se podia responder a determinadas perguntas ridículas que são feitas? Respostas ridículas, é óbvio... Depois admiram-se que isto está como está, e a culpa é do governo!(é só para dar o exemplo da resposta ridícula mais usada em Portugal)

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabéns Catarina Araújo, pelo teu trabalho, escreves bastante bem.
Continua assim.