domingo, maio 3

Viagem de auto-conhecimento

" O verdadeiro eu "

A Mafalda era das raparigas mais divertidas que se podia encontrar, era daquelas pessoas que têm sempre algo engraçado para dizer e que têm a capacidade de pôr qualquer um bem-disposto. Mas uma coisa não lhe corria bem, as pessoas que ela chamava de amigos subitamente afastaram-se dela e a Mafalda sentiu-se perdida, sentiu-se abandonada por aqueles que ela julgava que seriam amigos verdadeiros e que estariam com ela para o bem e para o mal. Aquela rapariga que estava sempre com um sorriso contagiante, que brincava com toda a gente e que raramente estava triste, desapareceu. No lugar dessa, veio uma Mafalda que andava sempre cabisbaixa, que se sentia sozinha e que não tinha motivos para sorrir. Começou a pensar que não seria digna de tais amigos e que se calhar não seria tão boa pessoa quanto pensava e por isso aquele afastamento. Pensou que não prestava e começou também a inferiorizar-se, coisa que nunca tinha feito. Em consequência disto, veio a baixar as notas o que chamou mais a atenção dos pais e professores, mas ela continuava a não contar o que se passava. Não contava simplesmente, porque se sentia melhor dentro do seu silêncio. Na cabeça da Mafalda a única solução era mudar de escola, começar de novo, começar com outros amigos, começar a ser feliz outra vez. Mas os pais não percebendo totalmente aquele pedido disseram que não, o que fez com ela pensasse que também os pais estavam contra ela. Ai sentiu-se a desabar por completo, pensando que se até os pais não a compreendiam, quem é que havia de compreender? Aquele não dito pelos pais foi como uma derrota, como uma facada dada nas costas pelas pessoas mais importantes da sua vida.
Certo dia, Mafalda por coincidência descobriu o porquê daquele afastamento dos seus amigos. Uma das suas amigas, alguém que gosta de ver os outros a sofrer, que só se importa consigo própria e para quem a amizade não tem significado, com inveja da Mafalda por ela ser a pessoa que é e por ser acarinhada por todos, decidiu inventar histórias sobre ela. Histórias sem nexo, só com a intenção de a prejudicar e os outros amigos acreditando na sua conversa foram-na deixando para trás. Mafalda agora sabia toda a verdade e já não lhe importava tanto a ideia de não ter os amigos por perto, porque aqueles que a conheciam de verdade sabiam que aquelas histórias eram mentira e acabariam por voltar a trás na opinião acerca dela. Depois de perceber que a culpa não era sua, ganhou outro ânimo, começou a andar mais sorridente, coisa que não acontecia há bastante tempo. Andava feliz porque agora sabia a pessoa que era, sabia que não era aquilo que a amiga andava a dizer e sentiu que só naquele momento se conheceu a si própria.

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