sexta-feira, abril 24

Escrita criativa

“Uma viagem de auto-conhecimento"

Era de manha. Manha essa iluminada pelo sol, embalada pelo som do mundo e da vida, parecia um paraíso. A minha alma estava completamente o oposto, estava escura e morta, tinha medo de mim própria, era como se fosse uma estranha para mim mesma, não sabia bem quem eu era. Perdi-me e não sei onde me encontrar. Para quebrar a rotina, fui dar um passeio ao jardim da minha rua, sentei-me num banco, e fechei-me, mais uma vez, em mim mesma. Olhei em redor, e continuava sem saber de mim, até que de repente os meus pensamentos levaram-se a olhar para o céu, para as nuvens. Curioso quando vi uma nuvem… uma nuvem mais afastada, sozinha no céu, e mais escura. Será que era eu? Acho que sim, senti que me estava a ver ao espelho, a diferença é que nunca me tinha visto tão de longe. Ao olhar para aquela inocente nuvem, aprofundei os meus pensamentos, questionei-me e respondi a tudo o que me constrangia. Apercebi-me que era diferente, tal como aquela nuvem, mas estranhamente em vez de me rebaixar, elogiei-me (coisa que nunca tinha feito antes), era diferente por ser especial, por ver o mundo como ele é, por não viver na ilusão como os outros vivem, acho que a nuvem me fez abrir os olhos em vez de fazer ainda mais nevoeiro. É um milagre digo-vos. Quando dei por mim estava a pensar alto, estava a falar com a nuvem. Nós temos qualidades, não nos podemos fechar mais em nós mesmos, vamos dar-nos a conhecer ao mundo, vamos mostrar que existimos que somos tão capazes como eles são. E, sem dar conta, comecei a sorrir. É estranho não é? Uma nuvem, que a qualquer hora pode desaparecer, mudou a minha vida, sem me tocar, sem gastar palavras, apenas me mostrando quem ela é realmente, não se esconder como eu tenho feito até hoje. Ainda bem que vim ao jardim. Nesta confusão toda de pensamentos, e ideias para reconstruir uma vida que já tinha morrido ha muito, desviei o olhar da nuvem. Mas, como boa pessoa que sou (já me atrevo a dizer isto) senti-me na obrigação de lhe agradecer, não com um obrigado, mas sim com o que ela me deu, um sorriso. De repente, vi a pequena nuvem, a ficar mais clara, a aproximar-se lentamente para junto das outras, a mostrar-se ao mundo. Até parecia que estava a olhar para mim, que estava a agradecer-me. Sem ela não tinha conseguido, e por isso hoje dou mais valor as nuvens, do que às as pessoas. As nuvens, não nos mentem, podem não estar sempre no céu, mas quando são precisas aparecem. As pessoas não, preferem mentir e dizer que não podem aparecer. Hoje em dia é assim, vivemos num mundo egocêntrico. Só vos digo, ainda bem que vim ao jardim.

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